Essa notícia me impressionou tanto, que criei uma categoria só pra isso: “os cientistas dizem cada coisa”.
Veja só o que diz o site da BBC:
“Uma relação sexual satisfatória dura entre três e 13 minutos, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da Universidade Penn State, no Estado americano da Pensilvânia.”
Que coisa incrível! Será que agora as pessoas vão procurar cronometrar suas horas de prazer a dois? Será que eu estou demorando muito? Indo muito rápido? Como posso voltar para a média para me tornar saudável?
Eis perguntas que nunca deveriam ser feitas, principalmente quando se fala do amor entre duas pessoas. Mas os cientistas dizem cada coisa… E veja o método:
“Os pesquisadores ouviram 50 integrantes americanos e canadenses da Sociedade de Pesquisa e Terapia Sexual, incluindo psicólogos, médicos, assistentes sociais, terapeutas familiares e enfermeiras”
Fizeram entrevistas com essas pessoas, e depois vem a manchete. Os cientistas adoram estudar uma pequena amostra e tirar conclusões sobre o todo.
Quer dizer agora que o aspecto sexual da humanidade pode ser representado pelos psicólogos, médicos e enfermeiros canadenses e americanos? E olha que essa é a crítica mais leve.
Qual é a finalidade de um estudo como este? E pior ainda: quais os efeitos de um estudo como este num mundo onde as pessoas acreditam cegamente na ciência?
E cegamente em dois sentidos: não duvidam dos que os cientistas dizem, e nem entendem. A alfabetização científica é um pressuposto para viver bem na modernidade. E esta alfabetização nos ensina, por exemplo, a rir frente a certas conclusões de certos cientistas. A distinguir o que devemos levar a sério e o que é só uma frase de efeito feita por um jornal.